Imagine o seguinte cenário: um dia, alguém apresenta-se com os lábios bastante inchados, de modo a até mesmo desconfigurar seu rosto. Em um primeiro momento, esse pode parecer o sintoma de uma alergia grave. Então, ao buscar auxílio para lidar com a “alergia”, essa pessoa recebe medicamentos e tratamentos que deveriam ser efetivos para tal condição, no entanto, o aspecto físico permanece o mesmo. Uma situação como essa ilustra como o angioedema hereditário pode ser confundido com alergia.
Condição menos conhecida do que a alergia, o angioedema hereditário é motivo de muitas dúvidas. Pensando nisso, neste artigo, saiba mais sobre essa doença e compreenda porque ela, muitas vezes, é confundida com alergia. Acompanhe.
O que é angioedema hereditário?
O angioedema hereditário (AEH) é uma doença rara, genética, herdada de pais para filhos, ainda sem cura mas com tratamento, que faz com que o paciente apresente em seu organismo a proteína inibidor de C1-esterase defeituosa, podendo estar diminuída ou não funcionar de modo adequado. Essa proteína auxilia na regulagem de diversas reações, incluindo as de cunho inflamatório.
Dessa forma, quem porta essa enfermidade tem reações inflamatórias nas camadas profundas na pele sem interrupção, visto que seu organismo não apresenta o inibidor do sistema inflamatório e libera no sangue uma substância chamada bradicinina, que gera os edemas.
Assim, quem tem a doença sofre com crises de inchaços (os angioedemas) e dores abdominais. As áreas comumente atingidas pelos angioedemas são as mãos e os pés, mas também pode haver ocorrência em locais como a cabeça, o rosto, a língua, o pescoço (laringe, na garganta) e os órgãos genitais.
As crises ocasionadas pelo angioedema hereditário, geralmente, levam até cinco dias para resolverem e são caracterizadas, sobretudo, por inchaço, sem prurido (coceira)e um desconforto no local, as vezes caracterizado como dor ou formigamento. Elas são geradas por motivos variados, incluindo traumas físicos, situações de estresse e infecções.
Como é tratado o angioedema hereditário?
Como vimos, essa é uma doença ainda sem cura, mas que é possível controlá-la. Por isso, o tratamento empregado é, sobretudo, de cunho preventivo, e deve ser prescrito por um profissional da área.Entre as ações a serem tomadas, podem estar o estímulo à produção da proteína por meio de hormônios, a fim de evitar o aparecimento do inchaço. Entre outras medicações.
Em situações de crise aguda, há medicamentos que agem como um inibidor do receptor de bradicinina, impedindo que essa substancia faça sua ação e gere as reações. E outros tem o efeito do inibidor que está deficiente ou ausente no organismo do paciente acometido. São terapias que procuram agir rapidamente para contornar a situação de reação naquele momento.
Afinal, por que se confunde o angioedema hereditário com alergia?
Isso ocorre, sobretudo, pelo surgimento dos inchaços, por vezes associados com condições como a alergia alimentar ou a medicamentos, por exemplo. Ainda, esse sintoma pode provocar dificuldade de respirar, o que tende a causar ainda mais dificuldade na distinção entre tais condições.
Naturalmente, pode ocorrer de um alérgico também ter angioedema hereditário. Por isso, para um diagnóstico preciso e a indicação do melhor tratamento para cada caso, o acompanhamento médico é fundamental.
Um dos sintomas que ajudam a diferenciar as duas condições é que, ao contrário das reações alérgicas, no angioedema hereditário a coceira não é fator característico, mas, em determinados casos, há alguma dor local ou formigamento na região. Ainda, medicamentos como os usados nas crises de alergia, do tipo anti‐histamínicos, corticoides e adrenalina não mostram efeito em situações de angioedema hereditário.
Você já conhecia o angioedema hereditário? Ficou com alguma dúvida sobre como diferenciá-lo de um quadro alérgico comum? Deixe sua mensagem nos comentários e até a próxima.