Como é feito o diagnóstico da APLV?

Já mostramos aqui no blog o que é a APLV e quais são os sintomas, não é mesmo? No entanto, neste post, vamos mostrar que, para o médico alergologista fazer o diagnóstico da APLV (Alergia a Proteína do Leite de Vaca), são necessárias algumas etapas.

Se essas etapas forem realizadas corretamente, no máximo em quatro semanas é possível diagnosticar a alergia às proteínas do leite. No entanto, para isso, sua participação como responsável do seu filho ou familiar é muito importante.

Ficou interessado em saber como se faz o diagnóstico da APLV? Acompanhe. 

Como você pode ajudar ao médico a fazer o diagnóstico da APLV?

A primeira etapa para fazer o diagnóstico da APLV é o médico alergologista conhecer a história clínica da criança. Por isso, é importante você ajudar o especialista a identificar:

  • A natureza dos sintomas: qual é a causa associada, os alimentos que você oferece à criança, mas percebe que causam os sintomas alérgicos;
  • A frequência, reprodutibilidade e época da última reação alérgica: observar a frequência com que as reações alérgicas aparecem.
  • Analisar se são os mesmos sintomas ou se as reações são diferentes;
  • O tempo entre a ingestão do alimento e o aparecimento dos sintomas: verificar se os sintomas surgem logo após a ingestão do alimento suspeito ou se demoram a aparecer;
  • A quantidade necessária do (s) alimento (s) para provocar a reação: analisar se a criança passa mal com pouca ou muita quantidade do alimento suspeito;
  • A descrição detalhada dos tipos de reações: informar se há coceira, descamação da pele, sintomas respiratórios, como tosse e chiado no peito, ou gastrintestinais, como diarreia e sangue nas fezes;
  • Os fatores externos que influenciam no aparecimento dos sintomas: identificar se há algum fator externo, como, por exemplo, uso de remédios; 
  • O diário alimentar associado aos sinais e sintomas: relatar o que, quando e quanto a criança comeu e o que apresentou. A elaboração de um diário com todas as refeições do dia, principalmente de 3 a 7 dias prévios à consulta, pode ajudar o diagnóstico da APLV e a determinar o alimento suspeito;
  • O histórico familiar de alergia: informar ao médico quanto tempo você amamentou seu filho com o leite materno, como foi a época da amamentação, se teve reações alérgicas no período da introdução das fórmulas artificiais de leite, se teve alguma ingestão da fórmula à base de leite de vaca no berçário ou se a criança consumiu outros alimento, se você fez algum tratamento dietético antes de amamentar, etc.

Quais os exames são realizados para identificar a APLV?

Exames de sangue

O exame de sangue é utilizado para verificar a presença de IgE específica para determinado alimento. Os resultados são classificados nas classes 1,2,3 e 4 ou níveis absolutos. No entanto, esses dados não indicam diretamente o grau de alergia e nem se a criança realmente irá desenvolver a APLV se consumir o alimento. A dosagem de IgE serve para exatamente as formas IgE mediadas que em geral se apresentam poucos minutos após a ingestão do alimento, com sintomas na pele, do intestino ou até com a manifestação mais grave de alergia que é a anafilaxia.

Os exames positivos não indicam necessariamente que a criança tem a alergia. A presença de anticorpos é interpretada como uma sensibilidade àquela proteína testada, mas os sintomas clínicos nem sempre estão presentes.

Muitas vezes, o alimento suspeito é retirado da dieta do paciente apenas com base nos testes laboratoriais. Isso acaba repercutindo em prejuízos nutricionais e um problema desnecessário para a criança e a família.

Já os exames negativos afastam os tipos de alergias mais imediatas, mas não descartam as que têm manifestações mais tardias e predominantemente do trato gastrintestinal. É importante uma avaliação criteriosa dos resultados por um profissional especializado para que as alergias não sejam sub ou super diagnosticadas.

Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (TC)

É um teste realizado na pele. No antebraço ou no dorso do paciente. Coloca substâncias extraídas dos alimentos ou de outros alérgenos sob a forma de extratos das proteínas alergênicas. Depois, o médico utiliza uma agulha e faz pequenas escoriações na pele. 

Após 15 minutos, o médico checará se há uma reação alérgica ou não nos locais onde foram aplicados os alérgenos. Quando há reação, surge uma pápula e o tamanho desta indica uma reação mais ou menos forte.

É importante destacar que ambos os testes são válidos apenas para crianças que têm alergia mediada por IgE ou mista e, mesmo assim, não confirmam o diagnóstico de APLV isoladamente.  Também é importante destacar que os testes cutâneos positivos podem ser apenas um sinal de sensibilização, que pode não estar relacionada às reações alérgicas. Portanto, nenhum alimento deve ser retirado da dieta da criança apenas porque o teste cutâneo deu positivo.

Atopy Pach Test

Esse tipo de exame consiste na deposição dos alimentos (geralmente em pó) no dorso (costas) do paciente, por 38-96 horas. No entanto, o Atopy Pach Teste está em fase de estudo para ser indicado no caso das reações não mediadas por IgE. Também não tem uma padronização de procedimento e interpretação – portanto, este teste ainda não é recomendado na prática clínica diária.

Dosagem de IgE total

A dosagem de IgE total não é específica para fazer o diagnóstico da APLV. Portanto, são necessários outros exames para fechar o diagnóstico correto do problema.

Endoscopia e análise histológica (biópsia)

A endoscopia pode ser indicada para crianças com sintomas de esofagite eosinofílica, problemas de estômago ou intestino, com baixo ganho de peso/crescimento ou anemia, ou seja, para as formas de APLV com comprometimento do trato gastrointestinal.

Esses procedimentos são invasivos e indicados para investigar as crianças que não melhoram com a dieta isenta das proteínas do leite de vaca, a fim de identificar outras causas para os sintomas. Os resultados dos exames e testes alérgicos não confirmam o diagnóstico de APLV isoladamente e devem ser analisados em conjunto com a história clínica, o teste de provocação oral ou desencadeamento oral e a dieta.

Por que as dietas de exclusão das proteínas do leite podem ser usadas para fazer o diagnóstico da APLV?

Com a história clínica e os exames laboratoriais, você pode estabelecer a suspeita de alergia alimentar e o alimento associado aos sintomas. No entanto, se a suspeita clínica é relevante, a dieta de exclusão das proteínas do leite deve ser realizada para confirmar a hipótese de APLV, mesmo que os testes alérgicos sejam negativos.

Em relação ao tempo de dieta, ela dependerá do tipo de reação que a criança apresenta. Quando houver sintomas sugestivos de reações imediatas, a dieta terá que durar de 3 a 6 dias. Já para as crianças com sintomas sugestivos de reações tardias, até 14 dias.

Assim, o fato de retirar a proteína do leite da dieta (dieta de exclusão) e o paciente apresentar melhora e na reintrodução voltar a ter sintomas ajuda na confirmação do diagnóstico.

O que é o Teste e Provocação Oral (TPO)?

O TPO é um procedimento muito importante para confirmar o diagnóstico da APLV. Ele também serve para evitar que a criança e/ou a mãe que amamenta permaneça com a dieta por tempo prolongado de forma desnecessária.

Apesar dos pais terem receio de fazer esse teste, ele ainda é um método muitas vezes necessário para confirmar o diagnóstico de APLV (em alguns casos) e, também, verificar se houve desenvolvimento de tolerância (melhora) ou até afastar o diagnóstico. 

O diagnóstico da APLV é confirmado se a criança apresentar reação alérgica após a reintrodução do leite. A dieta de exclusão deverá ser mantida por 6 a 12 meses na dependência da idade e da gravidade das manifestações.

O TPO deve ser realizado em ambiente hospitalar ou de clínicas e com o profissional médico habilitado para isso e preparado para tratar possíveis reações que possam ocorrer e deve ser indicado pelo alergologista levando em considerações fatores como manifestações clínicas, resultado de exames e estado do paciente.

Agora você já sabe como é feito o diagnóstico da APLV, não é mesmo? Caso tenha alguma dúvida, escreva pra gente pelos comentários e marque uma consulta com o nosso corpo clínico. Até a próxima!

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *